Premonições desconfi(n)adas
Hoje acordei com uma sensação estranha. Sensação que acredito ser resultado de um sonho. Um sonho em que acordei com uma sensação enorme de pertença para com os meus, mas ao mesmo tempo uma vontade enorme de voar, no sonho, inclusive, eu estaria de viagem.
Acordei num misto de saudades, porque no sonho
abraçava com muita força a minha mãe, coisa que não tem acontecido devido à
pandemia, e também uma segurança muito grande para me mover e rumar a novas
conquistas.
Não sinto que tenha de ser uma viagem no sentido literal, talvez uma mudança.
Acho que todas as sensações que tenho vindo a experimentar derivam de um conjunto de situações e momentos porque tenho, aliás, temos todos, passado:
- toda a situação da pandemia- isolamento, medos, cuidados e medidas;
- a incerteza profissional provocada por um contrato ainda frágil a
aguardar o veredicto final resultante da crise provocada pelo ponto
anterior;
- as dúvidas pessoais, várias.
Estas sensações levaram a que, já no escritório, desse
por mim parada a observar.
Observei todo o ambiente à minha volta, pensei
nos processos em que estava envolvida, até que surge a seguinte questão na
minha mente - "Se eu não estivesse aqui, haveria algum processo que
ficasse comprometido? Sou fundamental aqui? Acrescento valor?"
E muito assertivamente, a mesma voz que questiona, resolve responder – “Não”.
Não! A resposta foi não.
Achei descortês, altivo até.
Não sei como ousei falar neste tom comigo própria.
Não haveria nenhum processo que ficasse comprometido com a minha ausência. O que me leva a acreditar que sou totalmente dispensável. Ok, processos haveria que poderiam tremer um pouco, mas creio que rapidamente o curso da coisa se recomporia.
E com isto, ao invés de ficar stressada, entrar em paranóia, correr em círculos, ou agachar-me em posição fetal (tudo cenários plausíveis), simplesmente fiquei calma.
Que sinestesia era esta? Como não incorrer em pensamentos gritantes e permanecer numa calma adocicada? (que poetisa, nossa!)
Creio que esta reação se prende, única e exclusivamente, ao facto de que o pânico nada resolve, falo por experiência própria. Havia, e há, toda uma certeza em mim que o que tiver que acontecer vai acontecer. Cabe-me a mim ter a postura responsável de começar a pensar de forma racional, para o meu total bem-estar.
Primeiro, ainda não sei o que vai acontecer daqui para a frente. Por muito que tivesse um caminho delineado, este já não está a ser cumprido desde Março, por razões óbvias.
Segundo, toda esta análise parte de mim, não tendo eu certeza sobre a sua total veracidade.
Tenho mais é de criar planos. Plano A, B, C e D. Vários. No final das contas, não sei de quantos vou precisar, por isso o melhor ter mais do que uma opção.
Terceiro, permanecer calma é um favor que faço a mim mesma. Vai permitir que me foque naquilo que realmente quero e no que posso fazer para o alcançar.
Beijinhos,
Joana.
Post escrito ao som de:
https://www.npr.org/2020/07/06/886650753/dirty-projectors-tiny-desk-home-concert
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